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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Que não estou sozinha

Hoje tive um encontro com Deus. Não, eu não sofri um acidente ou tomei o santo daime nem nada parecido. O encontrei no cruzamento da Herval com a XV de Novembro. Era um senhor quase negro vestido de branco que parou do meu lado.
Parei na esquina para poder atravessar a rua e vi que alguém se aproximava. Sua roupa me chamou a atenção. Não porque estivesse suja ou fosse diferente, mas pela cor. Estava todo vestido de branco contrastando com sua pele morena e mais bronzeada ainda pelo sol que já a deve ter castigado por muito tempo. No meio do peito um crachá, onde se lia apenas seu nome: “DEUS”, pendurado com um alfinete.
O inusitado me fez olhar para o chão e sorrir discretamente. Discretamente para não ofender; fosse ele Deus ou não, poderia se ofender. Caminhamos lado a lado durante uma quadra toda e enquanto eu caminhava ao lado daquele senhor, de forma estranhamente confortável já que nossa natureza individualista nos faz apressar o passo ou diminuir o ritmo para nos afastar, apenas pensava.
Naquela situação corriqueira e no espaço de uma quadra, refleti.O que faria eu se encontrasse com Deus? Será que questionaria coisas do tipo: “Por que tantos sofrem?” “Sobreviveremos aos desastres naturais que nos ameaçam constantemente?”, “Um dia aprenderemos a conviver com nossas diferenças?”
Cheguei à conclusão de que não, não perguntaria nada. Naqueles poucos segundos que caminhamos lado a lado, o senhor “Deus” do meu encontro e eu, não tive necessidade de perguntas. Fiquei curiosa, é claro, para saber o motivo de seu crachá e suas vestes, mas “sentir” em vez de “saber” foi o mais importante. Senti-me honrada de ter caminhado uma quadra ao lado de Deus em sua forma materializada.
Hoje de manhã, me dei conta de que havia me esquecido que Ele está sempre ali, ao meu lado, mas como está calado, quietinho, não O percebo. Os problemas que andavam me preocupando desapareceram quando me lembrei que não estou sozinha.