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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Que não precisa ser menina

Durante o período em que dividi meu quintal com outras famílias ou repúblicas de estudantes, um ilustre morador me visitava todos os dias durante as férias. E se eu me concedesse o luxo de dormir até mais tarde, lá ia ele bater à minha porta ou remexer minha cortina, com um pedaço da janela sempre aberta pra Bebita entrar e sair. Às vezes chamava exaustivamente “Tia, Roberta! Abre a porta pra mim!” E lá ia eu, de pijama, abrir a porta para aquele um metro de altura, com cabelos encaracolados e aloirados, pele morena como de um surfista e grandes olhos verdes. Se divertia inventando brinquedos com tudo que encontrava. Do abajur, tirava a cúpula e as pedrinhas que decoravam o vidro da base, fazia desenhos como um mosaico; das cartas do baralho que um dia descobriu na gaveta, criava jogos que só ele sabia jogar. Passava horas comigo, mas não gostava de assistir desenho. Gostava de desenhar, comentar as figuras e explorar a casa. Um dia, abrindo as gavetas de um porta-jóias, pedi que não mexesse. Ele questionou o porquê e se adiantando, uma amiguinha dele, que também passara a frequentar a casa, explicou: “É porque aí tem brinco. E brinco é coisa de menina.” Ele cruzou os braços e fez um grande bico de descontentamento e sem pensar respondeu: “Também, quando eu crescer, eu vou ser menina!”
Essa semana, me lembrei dele. Deve estar crescido já. E em uma manhã em que preciso encontrar uma saída, suas palavras me fizeram refletir. Com sua espontaneidade e impulso, quis encontrar uma solução óbvia, mas irreal, para chegar aos brincos. Não precisa ser menina, só precisa pensar um pouco mais pra achar outro caminho.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Que quando a gente menos espera...

o telefone toca
a chuva vem
o gato entra com um rato na boca
a internet "cai"
a gasolina aumenta
o salário não...

e de repente a idéia aparece
o papel acaba
ninguém chega
o chuveiro queima
o dinheiro some
um avião cai

mais um pouco e a gente desiste
e a cama quebra
o DVD trava
o filme não acaba
o vento espalha
e o sono não chega

finalmente alguém escuta
a porta se abre
o sinal toca
o pagamento chega
e alguém te ama


E quando eu pensava em encerrar meu blog, vários recados me animam a voltar a escrever com prazer, mesmo com pouco tempo e no final de um longo dia de trabalho.
Obrigada a todos!!!

sábado, 11 de setembro de 2010

Que tem muita coisa que eu compraria

Compraria alguns sábados livres pra poder viajar,
Paciência pra deixar pendurada na porta e recarregar ao chegar em casa do trabalho,
Vitalidade pra fazer exercícios todos os dias,
Pulmões e joelhos novos pra poder correr em vez de andar,
Sono nas tardes preguiçosas de domingo,
Mais serenidade pra lidar com os problemas
E um cadeado pra minha boca grande


Daria de presente pra algumas pessoas um dispositivo que lhes aumentasse a memória
E um gadget tradutor pra entender quando um “sim” é “não” e um “não” é “sim”
Como gostaria que existisse um dispositivo que proporcionasse sentir o que os outros sentem

Acho que assim coisas ruins seriam evitadas...mas já que tudo isso é sonho

Continuo trabalhando e viajo nas férias, reclamo da vida quando acaba a paciência, vou devagar com meu pilates e tenho tentado “dormir os problemas”...só tá difícil controlar essa boca grande!