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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Que preciso de verdade pra confiar

Pergunta: Você ligou pro encanador?
Resposta: Não consegui falar com ele.
Verdade: Esqueci de ligar.

Pergunta: Onde você foi ontem?
Resposta: Fui no mercado com minha mãe.
Verdade: Saí com uns amigos novos.

Pergunta: Vamos sair pra comemorar o aniversário do Fulano?
Resposta: Não posso. Tenho prova na faculdade.
Verdade: Não vou com a cara do Fulano.

Pergunta: Você tem encontrado a sua ex?
Resposta: Não. Nunca mais vi.
Verdade: A gente se fala pelo MSN. (tem gente que acha que isso não é mentir!)

Pergunta: Quer vir comigo no meu carro?
Resposta: Vou no carro do Beltrano porque ele não sabe o caminho direito.
Verdade: Quero andar no carro novo do Beltrano. Tá muito calor e ele tem ar condicionado.

Pergunta: Terminou o relatório que te pedi?
Resposta: Ainda não porque deu problema no computador.
Verdade: Entrei no Orkut e acabei me entretendo, por isso me atrasei.

Se pudesse lançar uma campanha, seria pela verdade. Explicações também seriam bem-vindas. Não desculpas, explicações razoáveis, mesmo que por motivos subjetivos. Temos capacidade para entender sentimentos alheios. Empatia existe para que as relações sejam melhores, e sólidas. Quando se sabe que há verdade, há confiança.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Qual a maior invenção de todas?

Sempre disse que considerava a invenção do sanitário, ou o sistema de esgoto, a maior invenção de todos os tempos. Parece algo tão pequeno perante tantas invenções como a internet e ônibus espaciais, mas imaginem só o mundo sem ele! Recentemente mudei de opinião mantendo o mesmo foco “imagine o mundo sem ele(a)”.
Agora vejo que muito maior que todas as descobertas das ciências, sejam elas humanas, exatas ou médicas, o fator comum e que as possibilita evoluir e serem novamente estudadas e melhoradas é algo tão básico quanto o ABC. Justamente ele: o alfabeto e a criação da palavra escrita.
Qual invenção permanece por tanto tempo e é responsável por tantas outras invenções senão a palavra escrita? Sem ela não haveria a História, ou haveria, mas uma história pouco confiável sendo passada por bocas de homens que sempre aumentam um ponto em um conto. Sem ela não haveria livros que nos ensinam e entretêm, não haveria a internet, não haveria bibliotecas, como seriam as escolas sem ela? Tudo que conhecemos seria diferente e não se teria chegado ao desenvolvimento intelectual a que se chegou.
Imagino que pessoa ou grupo de pessoas foi responsável pela criação dos signos usados para representar cada fonema, criar formas diferentes e torna-los unificados, ou parcialmente, já que existem línguas que usam de outros símbolos, e qual seria o orgulho deles se soubessem que sua invenção permanece depois de milênios e quantos gênios surgiram desenvolvendo criações peculiares e infindáveis a partir desse cpodigo que tais composições pode transmitir.
Na sequência uma dessas composições de um dos meus autores favoritos:

A Invenção do “O”

de Luís Fernando Veríssimo

Na era da pedra lascada
da língua falada
antes de inventarem a letra
que imitava a lua
as palavras diziam nada
e nada levava a nada
(aliás, nem precisava rua).
A frase ficava estática
de maneira majestática
a grandes falas presumíveis
permaneciam indizíveis
- imagens invisíveis
a distâncias invencíveis.
Vivia-se em cavernas mentais
numa inércia dramática.
Ir e vir, nem pensar
ninguém mudava de lugar
que dirá de sintática.
Aí inventaram o “O”
e foi algo portentoso.
Assombroso, maravilhoso.
Tudo começou a rolar
e a se movimentar.
O Homem ganhou “horizontes”
e palavras viraram pontes
e hoje existe a convicção
que sem a sua invenção
não haveria Civilização.
Um dia, como o raio inaugural
sobre aquela célula no pantanal
que deu vida a tudo,
veio o acento agudo.
E o homem pôde cantar vitória.
E começou a História.
(Depois ficamos retóricos
e até um pouco gongóricos).

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Que ele ainda é meu herói

Perceber:uma das habilidades humanas mais difíceis de se desenvolver. E quando digo perceber, englobo qualquer tipo de percepção, desde notar um corte de cabelo novo, até compreender sinais de que vai levar um fora daqueles.
Quando somos crianças, temos uma percepção muito particular das coisas e pessoas. Lembro que quando era pequena, achava meu avô Luiz e meu pai homens muito fortes e altos. Depois que cresci, vi que fiquei quase do tamanho deles e toda aquela fortaleza ficou na lembrança da infância.
Meu pai era como um super herói que atravessava o rio (bem estreitinho, mas naquela época era a maior corredeira que eu havia visto) e me levava em suas costas até o trapiche no meio da represa do clube. Ele sabia nadar e dirigir e era alto e forte; comprava os melhores presentes que alguém poderia querer e que chegavam a qualquer hora do dia num enorme caminhão prateado cheio de surpresas. Sim, os presentes eram surpresas!
Naquele tempo em que percebia o físico, mas não o abstrato, não sabia o que era caráter. Sabia que meu pai gostava de dizer coisas à mesa enquanto comíamos e que às vezes pareciam exageradas e ameaçadoras. Quando proferia as ameaças, que hoje não acredito que fosse capaz de cumprir, com sua cara fechada e coração de manteiga, sei que era seu jeito de ensinar valores, de mostrar que existe uma forma correta pra se fazer as coisas: comprar quando se pode pagar, trabalho e depois diversão, e por aí vai...
Hoje tenho a mesma idade que ele tinha quando nasci e minha vida é muito diferente daquela que ele tinha aos 30 anos em que conquistou muito mais que eu tenho até hoje, mas há algo naquele homem de 30 anos e no de 60 que existe hoje que muito me orgulho de ter conseguido: seguir um caminho de que não me envergonho.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Que clichê não faz mal a ninguém

Todo mundo um dia já disse (ou só pensou, pra não parecer clichê demais) que sua vida é mais difícil que a dos outros, que ninguém o entende ou que gostaria de voltar a ser criança. Vida é clichê! Como em matemática, quando os círculos dos conjuntos se encontram, todos vivemos experiências comuns a nossos semelhantes e compartilhamos de sentimentos universais típicos de cada fase da vida. Os medos, na infância (eu tinha medo do escuro - não que ele tenha desaparecido, mas hoje lido bem com ele com um abajur ou a TV ligada na hora de dormir); na adolescência, a necessidade de identificação com o grupo e o sofrimento daqueles que não se enquadram; na juventude, incertezas e pressão para a escolha profissional; na vida adulta, “trabalho ou casamento?” “filhos ou viagens?” e assim seguimos até o fim da vida.
Mas esse post não é sobre a vida. É sobre uma ótima idéia que, a partir de um clichê: uma briga entre a mãe e o filho pequeno, pode se transformar em uma grande lição de vida (mais clichê rs).
Nessa tarde preguiçosa de feriado, assisti a um filme que precisava comentar: “Onde Vivem os Monstros”. Pela capa ou pelo título (em português, já que em inglês é muito mais interessante: “Where the Wild Things Are”) não me interessaria, mas bons comentários de conhecidos e na TV me fizeram assisti-lo. E me senti como Max, num enorme clichê “essa no filme sou eu!” brigando com seus sentimentos; outros momentos, me senti como Carol e Judith, parei de prestar atenção para comentar símbolos que interpretei e, ao final do filme, senti que, mesmo que tenha interpretado tudo diferente da intenção do diretor, o filme pra mim foi uma oportunidade de reflexão e tentativa de organizar aquele lugarzinho “onde as coisas selvagens estão”.