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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O que será que está escrito na carta?

Gosto de remexer o passado. Ele me lembra de coisas importantes e metas que eu tinha e com o tempo se perderam. Não posso me esquecer delas. Esqueço a cada ano novo, que prometi aquela dieta pra voltar à forma de uns 4 anos atrás, a cada final de semana em casa, que tínhamos prometido sair mais, a cada chocolate, que preciso controlar minha ansiedade e assim sigo esquecendo o que quero e lembrando o que me agrada.
Sábado, me sentei na cama e começei a folhear o caderno que ganhei da minha tia Laís quando entrei na faculdade. “Pra você se lembrar de mim enquanto estuda”. Mas ele foi muito mais importante! Nele, muitos rabiscos e muitos textos, na maioria poemas tristes, muitas lágrimas que secaram sobre as folhas sem deixar marcas.
Penso o que fariam dele na ocasião de minha morte. Alguém leria? Não entenderiam muito da letra corrida, mais lenta que o pensamento que queria sair. Teriam pena da minha tristeza daquele tempo? Possivelmente. Eu não tenho. Aprendi muito sobre mim mesma naquela época que sofria longe da família, sem amor, sem muita perspectiva de futuro.
E foi justamente pelo futuro que folheei o tal caderno, presente da tia Laís. Entre suas páginas uma carta datada do dia 13 de agosto de 2000. Envelopada e com o endereço do remetente: Rua Benjamin Constant, 1430, apto 22, Centro, Londrina. Foi naquele quarto de uns dos meus lugares favoritos, Londrina, que escrevi uma carta para ser aberta 10 anos depois. Uma carta que guardei pacientemente sem jamais ter tentado burlar e ler pela transparência do envelope. O que sei é que o papel é amarelo, quase nada mais me lembro.
Sei que muitas das coisas escritas nela não aconteceram (10 anos mudam muita coisa)
e que aquela para quem pensava estar enviando a carta não existe, felizmente, já que seu futuro não seria muito feliz.
Sexta-feira, 13 de agosto (será que existe data mais mal vista em todo o calendário?) abrirei minha carta que desde o último sábado espera por mim ansiosamente ao lado do computador. Eu estou me preparando para escrever outra logo depois de ter lido a primeira. Mais dez anos sonhados, talvez, agora, com um pouco mais de otimismo.

3 comentários:

  1. Isso me fez lembrar algo do pequeno príncipe... "Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.[...] Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos." É preciso ritos! Parabéns por cultivar ritos, Roberta! Muito bom! Abração! Roberto.

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  2. É isso, mesmo...a preparação! E essa é a melhor parte :D Bjs Roberto...muita saudade de vc!

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  3. olha, quero saber dessa tal carta, e essa tia Laís hein? danada... querendo meu lugar na sua aposentadoria, pois está decidido, seu próximo presente será um caderno!!! kkk beijos

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