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terça-feira, 13 de julho de 2010

Que triste é esquecer

Acho que é mal dessa fase - quando a gente não é velho ainda mas tem muitas memórias - esse sentimento de nostalgia. Sinto falta das férias com amigos e os campeonatos de bats em Tupã, das manhãs frias de Londrina nas salas velhas e escuras do CCH e o campus que sempre achei lindo...nele me sentia em casa. Sinto falta dos cafés da tarde com terapia em grupo só pras meninas: Lílian, Suzane, Débora, Camila; das madrugadas fumando na janela e falando baixinho com a Josi pra não acordar os vizinhos ou só pra que eles não ouvissem nossos segredos. Tenho saudade das manhãs em que saía a pé pra pegar ônibus no Shangrilá vendo suas casas imponentes e quando o vento gelado fazia doer atrás da orelha desprotegida pelo cabelo curto. Queria sentir de novo as borboletas no estômago ao encontrar aquela pessoa que tanto queria ver ou ao ouvir sua voz no telefone... sentir a culpa de cometer um pecadozinho de nada.
Tenho sentido falta daquele abraço apertado e reconfortante que só um amigo de verdade pode dar. De receber mensagens carinhosas do Felipe logo depois de deixar minha casa, ouvir “eu te amo” e perceber que você é especial pra alguém que não está com você todo dia, mas sente sua falta. Sinto falta de sofrer, ouvir Cássia Eller e reclamar da vida com o Yuri ou inventar receitas e sentar no chão pra tomar tereré. Lembro com saudade das noites bebendo e treinando o inglês do Paulo ou assistindo com ele às novelas sempre pronta pra fazer uma crítica, de varrer o quintal com o Rogério - pode alguém ter saudade de varrer o quintal? - um quintal enorme com 2 árvores na calçada, daquelas com as folhas pequenas. Ali, varrendo, a gente conversava sobre coisas banais, e fazendo muitas outras coisas banais construí amizades. Nunca fiz nada grandioso nos anos que a vida já me deu; nunca tive um grande momento como ganhar um prêmio, entrar na igreja com uma calda branca se arrastando e duas dúzias de flores nas mãos, nunca fui pro exterior, nunca saltei de paraquedas ou tive um filho. Entretanto, podia passar horas comentando instantes que sempre vou me lembrar: a mesma música que tocava no rádio voltando do Valentino com o Fernando “cause tonight, girl, it’s only you and me” parecia que era pra gente, uma letra triste e dois solitários voltando pra casa; minhas mãos geladas que só o Casé conseguia aquecer, os almoços com a Carla e seus pratos decorados, as quartas Cubanas com a Roberta sempre na mesma mesa do Vale, os cafés da manhã (minha refeição preferida) de domingo, acompanhada e com direito a flor colhida no caminho de volta da padaria, os amigos que socorreram no dia que levei um cano e o Yuri e eu brigamos e eu não queria voltar pra casa.
Muitas dessas coisas parecem tristes, e podem até ser, mas quem foi que disse que o triste não é bonito? Mais triste que viver, seria esquecer. Eu não quero esquecer e também quero que vocês se lembrem!

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