No ímpeto do arremesso, a força e a ira desencadearam sentimentos há muito guardados. A lembrança e evocação de quem se foi e o sentimento acolhedor das memórias da presença da mãe fizeram clamar por paz interior. “Não quero mais nada. Só paz. Quero parar de sentir raiva. Cansei de sentir raiva, e de urrar como um animal enjaulado”.
No pedido, em um canto escuro com os olhos fechados, como em um envólucro, a cabeça pesou e o queixo foi se recostando ao peito, a coluna arredondando e o corpo se envolveu como o de um bebê aninhado no útero. Foram o sufocamento e a angústia de não poder fazer nada para cessar esse sentimento, a epifania pela qual esperava. O útero apertado e o clamor à mãe,ou a qualquer outro que pudesse ajudar foram inúteis. A raiva da impotência ficou toda armazenada e ressurgia a cada vez que o cárcere físico ou comportamental engatilhasse surtos outrora incompreensíveis por causa do dia que queria nascer e não conseguiu.
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Legal Ro.... a mudança interna é mesmo muito dura!!! Mas é tentando que a gente consegue e acabamos por nem perceber....
ResponderExcluirBjos