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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Que ele ainda é meu herói

Perceber:uma das habilidades humanas mais difíceis de se desenvolver. E quando digo perceber, englobo qualquer tipo de percepção, desde notar um corte de cabelo novo, até compreender sinais de que vai levar um fora daqueles.
Quando somos crianças, temos uma percepção muito particular das coisas e pessoas. Lembro que quando era pequena, achava meu avô Luiz e meu pai homens muito fortes e altos. Depois que cresci, vi que fiquei quase do tamanho deles e toda aquela fortaleza ficou na lembrança da infância.
Meu pai era como um super herói que atravessava o rio (bem estreitinho, mas naquela época era a maior corredeira que eu havia visto) e me levava em suas costas até o trapiche no meio da represa do clube. Ele sabia nadar e dirigir e era alto e forte; comprava os melhores presentes que alguém poderia querer e que chegavam a qualquer hora do dia num enorme caminhão prateado cheio de surpresas. Sim, os presentes eram surpresas!
Naquele tempo em que percebia o físico, mas não o abstrato, não sabia o que era caráter. Sabia que meu pai gostava de dizer coisas à mesa enquanto comíamos e que às vezes pareciam exageradas e ameaçadoras. Quando proferia as ameaças, que hoje não acredito que fosse capaz de cumprir, com sua cara fechada e coração de manteiga, sei que era seu jeito de ensinar valores, de mostrar que existe uma forma correta pra se fazer as coisas: comprar quando se pode pagar, trabalho e depois diversão, e por aí vai...
Hoje tenho a mesma idade que ele tinha quando nasci e minha vida é muito diferente daquela que ele tinha aos 30 anos em que conquistou muito mais que eu tenho até hoje, mas há algo naquele homem de 30 anos e no de 60 que existe hoje que muito me orgulho de ter conseguido: seguir um caminho de que não me envergonho.

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