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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Qual a maior invenção de todas?

Sempre disse que considerava a invenção do sanitário, ou o sistema de esgoto, a maior invenção de todos os tempos. Parece algo tão pequeno perante tantas invenções como a internet e ônibus espaciais, mas imaginem só o mundo sem ele! Recentemente mudei de opinião mantendo o mesmo foco “imagine o mundo sem ele(a)”.
Agora vejo que muito maior que todas as descobertas das ciências, sejam elas humanas, exatas ou médicas, o fator comum e que as possibilita evoluir e serem novamente estudadas e melhoradas é algo tão básico quanto o ABC. Justamente ele: o alfabeto e a criação da palavra escrita.
Qual invenção permanece por tanto tempo e é responsável por tantas outras invenções senão a palavra escrita? Sem ela não haveria a História, ou haveria, mas uma história pouco confiável sendo passada por bocas de homens que sempre aumentam um ponto em um conto. Sem ela não haveria livros que nos ensinam e entretêm, não haveria a internet, não haveria bibliotecas, como seriam as escolas sem ela? Tudo que conhecemos seria diferente e não se teria chegado ao desenvolvimento intelectual a que se chegou.
Imagino que pessoa ou grupo de pessoas foi responsável pela criação dos signos usados para representar cada fonema, criar formas diferentes e torna-los unificados, ou parcialmente, já que existem línguas que usam de outros símbolos, e qual seria o orgulho deles se soubessem que sua invenção permanece depois de milênios e quantos gênios surgiram desenvolvendo criações peculiares e infindáveis a partir desse cpodigo que tais composições pode transmitir.
Na sequência uma dessas composições de um dos meus autores favoritos:

A Invenção do “O”

de Luís Fernando Veríssimo

Na era da pedra lascada
da língua falada
antes de inventarem a letra
que imitava a lua
as palavras diziam nada
e nada levava a nada
(aliás, nem precisava rua).
A frase ficava estática
de maneira majestática
a grandes falas presumíveis
permaneciam indizíveis
- imagens invisíveis
a distâncias invencíveis.
Vivia-se em cavernas mentais
numa inércia dramática.
Ir e vir, nem pensar
ninguém mudava de lugar
que dirá de sintática.
Aí inventaram o “O”
e foi algo portentoso.
Assombroso, maravilhoso.
Tudo começou a rolar
e a se movimentar.
O Homem ganhou “horizontes”
e palavras viraram pontes
e hoje existe a convicção
que sem a sua invenção
não haveria Civilização.
Um dia, como o raio inaugural
sobre aquela célula no pantanal
que deu vida a tudo,
veio o acento agudo.
E o homem pôde cantar vitória.
E começou a História.
(Depois ficamos retóricos
e até um pouco gongóricos).

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